A 24 de Outubro de 1884 é lançado a primeira pedra da construção do futuro Teatro Municipal do Funchal, inaugurado em 1888. Para abrilhantar a inauguração, três bandas de música reuniram-se no então chamado Jardim Novo, hoje Municipal, Rainha D. Amélia ou de São Francisco.

Daí pra cá o Teatro Municipal do Funchal, atualmente designado como Teatro Baltazar Dias, tem sido palco das mais importantes manifestações culturais quer em cena, quer no ecrã, pois durante muitos anos a sala foi a única a exibir filmes na ilha.

Desde a sua inauguração o teatro já foi rebatizado por diversas vezes: Teatro D. Maria Pia, em homenagem à esposa do rei D. Luís I. Teatro Funchalense após a proclamação da Primeira República. Posteriormente foi nomeado teatro Manuel de Arriaga, antigo deputado pela Madeira e Primeiro Presidente da República.

Foi, anos mais tarde, o então presidente da Câmara Municipal do Funchal, Fernão de Ornelas quem propôs a denominação de Teatro Municipal Baltazar Dias, em homenagem ao dramaturgo da segunda metade do século XVI, designação essa que permanece até aos dias de hoje.

Mas quantos madeirenses entraram já naquela sala? Quantos a conhecem por dentro? Quantos tiveram já o privilegio de, ali, assistir, à exibição de uma peça ou de um filme?

Quantos madeirenses sabem quem foi o Baltazar Dias o escritor cego , nascido na ilha da Madeira que “sabia empregar palavras que iam diretas ao coração do povo”?

E porque o povo deve ter acesso ao que é seu, ao seu património, às suas tradições e valores , a direção do Teatro Baltazar Dias decidiu, em atitude de louvar, abrir as portas daquela Casa de Cultura para que os madeirenses e os que nos visitam, pudessem perceber que um teatro não é apenas paredes, fachada. É um lugar de encantamento onde nascem sonhos.

Abriu portas para que todos pudessem sentir a vida que existe por detrás do chamado pano de boca. Por detrás do cenário. O que é porão. O proscénio. O fraldão. O Poço de orquestra. A teia. O que são as bambolinas, as varas de luz e para que servem. O que é sub-palco. O que é o espaço cénico.

Ver, sentir por dentro o centenário teatro que já foi Municipal e que agora é do homem que viu mais longe a ilha onde nasceu, é uma viagem de Cultura que vale a pena fazer.

Aproveitem a viagem.

Jornal da Madeira 04-10-2015